A
palavra zaragata aparece como um sinônimo da palavra revolta e me surgiu mais
suave e diferente para comentar alguns aspectos da atual vida cotidiana. Brigas,
desordem, é a definição de zaragata, escolho a desordem como um atributo da
falta de ordem em algum lugar. Se você pensou que este lugar é um país e se
chama Brasil acertou, porém quero discutir não a desordem que se instalou, mas
os princípios que motivam, distorcem ou orientam o comportamento humano, os
preceitos valorativos e morais que dirigem o ser humano.
O
que aconteceu ou está acontecendo com a sociedade quanto ao bom costume, de
justiça social, o bem e o mal, a consciência profissional, política, sexual,
matrimonial entre tantos outros? Pode-se dizer que os costumes variam de um
país a outro, dependem da cultura de determinadas civilizações, assim como o
que é aceito ou não, e também podemos pensar ser um processo natural que os
costumes e valores se transformem com o passar do tempo.
Você
pode pensar, costumes e valores dependem de cada pessoa, de cada local e
sociedade, mas, o que dizer quando a desordem se instalou? Costumes e valores
são aprendidos e existe um parâmetro no qual foram construídos. E agora qual
seria esse referencial? Pode ser; salve-se quem puder, deixa de ser tonto se
você não fizer o outro vai fazer, ninguém vai notar, sempre com a conotação de
que se está perdendo algo e que o outro levará vantagem. Isto significaria
preceitos da ordem capitalista?
Não
sou política para discutir sobre política e não pretendo conduzir a reflexão
para esse ponto, mas me incomodo e sinto na alma os reflexos que a atual
desordem do país pode provocar nas pessoas, no que se refere à desilusão. Digo isto porque a capacidade para a fantasia
e imaginação, conduzem a esperança e habilidades de criar situações novas, do
desejo de uma civilização ideal. Minhas inquietações dirigem-se também para a
questão dos papéis ocupacionais. Se os papéis ocupacionais são desempenhos e
exercícios que as pessoas adquirem ao longo da vida, segundo as fases e
respectivos anseios, e sofrem influência do ambiente e das expectativas sociais,
que tipo de papéis estaria surgindo atualmente?
Segundo
Kielhofner, os papéis ocupacionais capacitam os indivíduos a estruturar sua
participação no mundo do trabalho e em sociedade e ajudam a organizar os
comportamentos produtivos, fornecendo uma identidade pessoal, conferindo
expectativas sociais, organizando o uso do tempo, e inserindo a pessoa na
estrutura social. Desta forma, os papeis ocupacionais organizam o comportamento
da pessoa e vão se acumulando com o passar do tempo, construindo a identidade
social e a carreira ocupacional. Diante do atual cenário brasileiro que tipo de
identidade é valorizada? Que parâmetros servem de modelo para a atual desordem
manifesta? Se dignidade é a qualidade do que é nobre e de honra, qual é o tipo
de compostura que reina em nosso país? Talvez os papéis ocupacionais que
estamos construindo, diante de uma terra de ninguém, onde todos querem usufruir
em benefício próprio, sem a mínima consciência do dano e da coletividade seja:
papéis de fachada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário