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domingo, 14 de fevereiro de 2016

Tempo de estímulo


Dependendo do contexto o estímulo pode ter vários significados e funções. Quando penso no contexto atual e nos vários casos de microcefalia, profissionais da reabilitação, como os terapeutas ocupacionais dentre outros, associam o estímulo à estimulação precoce. Estimulação precoce significa oferecer, encorajar e aumentar as oportunidades para desenvolver certas funções, por exemplo: andar, comer, falar, olhar, brincar, que por motivos de lesão cerebral e ou anomalias congênitas afetaram o desenvolvimento neuropsicomotor. O precocemente indica que quanto mais cedo os estímulos maiores as conquistas. No caso de crianças com microcefalia, as mães precisam ser orientadas e encaminhadas o mais cedo possível para serviços de reabilitação. A microcefalia é um assunto emergente que provoca   controvérsias, estudos e investigações, entretanto o que deve ser prático e imediato é que o governo disponibilize profissionais e serviços de reabilitação.
Quero, porém, discutir sobre a necessidade de estímulos nas várias fases de vida, independente de uma deficiência.  
Ao pensar em fase de vida desejo refletir sobre a chegada da idade adulta, madura, e não me direciono a uma maturidade aos 30, 40 e sim a chegada dos 50 anos. Ouço e vejo frases sobre essa fase da vida e às vezes sinto que estou na contramão do que é dito e preconizado para esta faixa etária. As frases dizem para alcançar a “calmaria”, desfrutar da sabedoria, sucesso financeiro, estabilidade profissional e familiar. Do ponto de vista feminino essa fase de vida impõe a mulher o encerramento da sua vida reprodutiva, da capacidade de gerar filhos. Se a mulher não tem trabalho fora do lar, com os filhos já crescidos, vivencia a popular denominação de “ninho vazio”. Neste período é comum os filhos, e quem convive mais de perto, oferecer funções, muitas vezes que não são do próprio gosto ou escolha. Uma das funções oferecida é o cuidado com os netos. Não entendo a função e o papel de cuidar de netos como mal, vejo que se torna prejudicial quando é apenas o único cargo a se desempenhar. Há também pessoas que se realizam pelo e através dos filhos, vivem assim a vida deles e não a sua. Vejo com frequência quadros depressivos nesta faixa de idade, porque se é difícil ter o controle sobre a própria vida imagina querer controlar a vida alheia. Não se pode viver bem com e na expectativa de algo ou do outro. Olhar para os próprios interesses encontrar satisfação, perspectivas, possibilidades, não é tarefa fácil, mesmo porque chegar a algumas conclusões sobre a própria vida com certeza determinará mudanças, às vezes, nem sempre confortáveis. O estímulo pode gerar uma emoção e por isso deve ser vivenciado, experimentado no aqui agora. Quando executo algo necessito viver a ação em si mesmo e não nos efeitos que produzira como um sentido de recompensa. Essa fase de vida exige cuidados, para mulheres e homens e a necessidade primordial de estímulos de toda natureza. Isto não significa a não aceitação da idade como escutamos socialmente e sim entender que apesar do declínio do corpo e da diminuição do vigor, necessitamos de estímulos que proporcionem ânimo, pois do contrario alcançaremos um declínio mental.
Novas aspirações, cursos, trabalhos, arte, musica, dança, a realização de sonhos e a elaboração de outros. Dizendo desta forma parece até uma procura sem fim, mas podemos entender também que no final não há procura alguma. O filme Intocáveis para mim é um exemplo de como deve ser o estímulo e nós todos precisamos de um sujeito como o personagem Dris, que nos arranque do “conforto”, do convencional e nos arremetam para viver com emoção e mais satisfeitos.
Uma forma inusitada para se fazer a barba, que proporcionou interação, estímulo e divertimento.