Dependendo
do contexto o estímulo pode ter vários significados e funções. Quando penso no
contexto atual e nos vários casos de microcefalia, profissionais da
reabilitação, como os terapeutas ocupacionais dentre outros, associam o
estímulo à estimulação precoce. Estimulação precoce significa oferecer,
encorajar e aumentar as oportunidades para desenvolver certas funções, por
exemplo: andar, comer, falar, olhar, brincar, que por motivos de lesão cerebral
e ou anomalias congênitas afetaram o desenvolvimento neuropsicomotor. O
precocemente indica que quanto mais cedo os estímulos maiores as conquistas. No
caso de crianças com microcefalia, as mães precisam ser orientadas e
encaminhadas o mais cedo possível para serviços de reabilitação. A microcefalia
é um assunto emergente que provoca
controvérsias, estudos e investigações, entretanto o que deve ser
prático e imediato é que o governo disponibilize profissionais e serviços de
reabilitação.
Quero,
porém, discutir sobre a necessidade de estímulos nas várias fases de vida,
independente de uma deficiência.
Ao
pensar em fase de vida desejo refletir sobre a chegada da idade adulta, madura,
e não me direciono a uma maturidade aos 30, 40 e sim a chegada dos 50 anos.
Ouço e vejo frases sobre essa fase da vida e às vezes sinto que estou na
contramão do que é dito e preconizado para esta faixa etária. As frases dizem
para alcançar a “calmaria”, desfrutar da sabedoria, sucesso financeiro,
estabilidade profissional e familiar. Do ponto de vista feminino essa fase de
vida impõe a mulher o encerramento da sua vida reprodutiva, da capacidade de
gerar filhos. Se a mulher não tem trabalho fora do lar, com os filhos já
crescidos, vivencia a popular denominação de “ninho vazio”. Neste período é comum
os filhos, e quem convive mais de perto, oferecer funções, muitas vezes que não
são do próprio gosto ou escolha. Uma das funções oferecida é o cuidado com os
netos. Não entendo a função e o papel de cuidar de netos como mal, vejo que se
torna prejudicial quando é apenas o único cargo a se desempenhar. Há também
pessoas que se realizam pelo e através dos filhos, vivem assim a vida deles e
não a sua. Vejo com frequência quadros depressivos nesta faixa de idade, porque
se é difícil ter o controle sobre a própria vida imagina querer controlar a
vida alheia. Não se pode viver bem com e na expectativa de algo ou do outro.
Olhar para os próprios interesses encontrar satisfação, perspectivas,
possibilidades, não é tarefa fácil, mesmo porque chegar a algumas conclusões
sobre a própria vida com certeza determinará mudanças, às vezes, nem sempre
confortáveis. O estímulo pode gerar uma emoção e por isso deve ser vivenciado,
experimentado no aqui agora. Quando executo algo necessito viver a ação em si
mesmo e não nos efeitos que produzira como um sentido de recompensa. Essa fase
de vida exige cuidados, para mulheres e homens e a necessidade primordial de
estímulos de toda natureza. Isto não significa a não aceitação da idade como
escutamos socialmente e sim entender que apesar do declínio do corpo e da
diminuição do vigor, necessitamos de estímulos que proporcionem ânimo, pois do
contrario alcançaremos um declínio mental.
Novas
aspirações, cursos, trabalhos, arte, musica, dança, a realização de sonhos e a
elaboração de outros. Dizendo desta forma parece até uma procura sem fim, mas
podemos entender também que no final não há procura alguma. O filme Intocáveis
para mim é um exemplo de como deve ser o estímulo e nós todos precisamos de um
sujeito como o personagem Dris, que nos arranque do “conforto”, do convencional
e nos arremetam para viver com emoção e mais satisfeitos.