É UMA FALTA DE RESPONSABILIDADE ESPERARMOS QUE
ALGUÉM FAÇA AS COISAS POR NÓS – JOHN LENNON
Para aqueles que conseguem dar uma olhada no que
escrevo, já perceberam que gosto ou procuro investigar o sentido das palavras,
entender o significado e a função que exercem na nossa vida.
Os temas aparecem na minha cabeça á partir de
algumas situações que vivencio, na vida profissional, social, em família, algo
que me faz refletir e “piensar en mussarañas “ como se diz em espanhol, meu idioma
favorito.
A responsabilidade seria algo que se tem, foi
construído, pode ser um estado passageiro,
depende das situações vivenciadas?? O que é a responsabilidade?
O conceito de responsabilidade segundo o dicionário
refere-se à capacidade, compromisso de cumprir com um dever ou uma obrigação.
Vou defender a responsabilidade como uma ação apreendida ao longo do
desenvolvimento e também adquirida a medida que exercitada e praticada
frequentemente.
Adultos podem se tornar responsáveis com o
nascimento de um filho. Muitos pais procuram colocar algumas funções para suas
crianças e isso é necessário; arrumar os brinquedos depois que brincou fazer a
lição da escola, ajudar em alguma tarefa domestica, comprar algo, cuidar, entre
outros e respeitando a idade, o amadurecimento e experiência de cada criança. As
famílias que estabelecem uma dinâmica ativa
com algumas dessas ações em seus lares está mais propensa a estimular e
desenvolver na criança a responsabilidade.
Na adolescência não é diferente e as responsabilidades
tendem a aumentar, com o início do namoro, por exemplo, é esperado e deve existir
o compromisso com o próprio corpo o estudo, papéis sociais, identificação de
gênero que confundem e perturbam a cabeça dos adolescentes e dos pais. Em meio
a tantos conflitos é comum escutar dos pais que os adolescentes não arrumam o
quarto, só ficam no celular e os pais se queixam com razão, porque para os
adolescentes é mais fácil se preocuparem com coisas que estão longe deles.
Aproximar, trazer para perto acontecimentos do cotidiano, implica no
compromisso com algo que é real e que dependente deles. Ter o compromisso com
algo real e a seu alcance é poder acertar e errar e pode se concretizar como um
bom exercício para o amadurecimento. Quando se pratica a responsabilidade o bem
comum se sobressai sobre o individual, ser responsável também implica em ser alguém
confiável. Ao assumir compromisso com algo ou alguém, lutamos, nossa energia
tem foco e objetivo. Portanto assumir responsabilidade é trazer pra você, se
comprometer, não está fora, está em você a ação.
Hoje em dia a responsabilidade, quando existe é
“frouxa”, se exercita uma meia responsabilidade. A verdade é que todo mundo
foge das obrigações e por que será?
Existem
pessoas que não querem ser promovidas a lugares de chefia porque, dizem, «ter
mais responsabilidades». Daí Agostinho da Silva dizer que de certa maneira um
capitão é mais livre do que um general. O capitão ao executar as ordens do
general está livre das consequências dos seus atos, já que apenas cumpriu
ordens. Assim, a responsabilidade já não é sua e sim do outro. Será que o
capitão é mais livre do que o general? A responsabilidade antes de ser social,
é individual. Ela implica sempre uma escolha, mesmo que esta seja inconsciente.
Neste ponto pode-se dizer que o general tem autonomia, porque exerce sua
vontade, tem confiança e capacidade de escolha. Só o sujeito que é capaz de
escolher e decidir livremente poderá ser capaz de assumir as causas e as
consequências da sua ação, pois se não agir com liberdade, dificilmente irá
assumir os seus atos e fugirá à responsabilidade.
Em meu artigo “A importância de atividades de lazer
na terapia ocupacional” http://www.cadernosdeterapiaocupacional.ufscar.br/index.php/cadernos/article/view/429/317
faço reflexões sobre escolhas e o quanto esta habilidade pode estar
comprometida nas pessoas excluídas socialmente. Quando as pessoas estão,
momento passageiro, ou são estado permanente de alguma limitação, física,
mental, social, o ato de opinar,
escolher e gerenciar a própria vida é orientado por outros que as consideram
incapazes para tais atos. Ao serem consideradas “incapazes” são impedidas de
fazer escolhas, o que indica certo grau de limitação em sua liberdade e na
condução de sua própria biografia.
Neste percurso de pensamento parece que
responsabilidade tem muito da condição de ser autônomo. E você o que pensa
sobre responsabilidade??
Quem se compromete a salvar a Amazônia e quem se
responsabiliza pelo desmatamento, o capitão ou o general??