A
existência humana se constitui com processos recorrentes de ações que
determinam sucessos e derrotas em todos os aspectos da vida, assim como geram
potencia e impotência para administrar o próprio tempo.
No
cotidiano com pequenas tarefas de rotina presenciamos momentos de potencia e impotência.
Momentos do dia a dia que poderiam ser simples, às vezes se tornam complexos. A
culinária, por exemplo, é motivo para sérias frustrações, quando algo deu
errado, queimou, salgou, passou do ponto. A sensação de impotência e frustração
se acentua, principalmente quando outras pessoas dependem do alimento que você prepara.
Situações
rotineiras e habituais em determinados tempos da vida, produzem sentimentos e
sensações que alteram o emocional. Portanto, penso que o cotidiano, os hábitos,
a rotina, influenciam constantemente nosso estado emocional. Os motivos que conduzem
nosso vigor, entusiasmo, potencia, são estabelecidos no dia a dia e somam-se
tanto para os sucessos como para o insucesso.
Grande
parte das atividades que realizamos no cotidiano, origina o automatismo, dificultando
a percepção das falhas no processo de realização, mas também das reais
potencias do que cada um executa. Olhar para aquilo que se faz e como se faz,
nos conduz a percepção, de como agimos e nos permitem diferenciar e identificar,
limitações, potencialidades e assim alcançar a noção de quem eu sou na direção
da construção de nossa singularidade.
Os
tempos atuais, a con-tempo-raneidade, permitiu e redefiniu uma nova forma de compreender
o mundo, com suas imagens em todas as direções, trouxe o mundo e a informação
de forma rápida e ao alcance de todos. Entretanto, todos os avanços contribuíram também para nos
distanciar de nós mesmos, nos afastam da
singularidade e nos conduzem a idealização do poder com exacerbação do
individualismo e não para a formação da identidade. O que faço, o que produzo
só tem sentido para me confirmar e reafirmar perante o outro. A síndrome do pânico
pode advir dessa condição de alta exigência, de poder e desempenho fruto dos
tempos atuais. O mal estar surge no corpo, na ação, é paralisante por não atingir
o esperado, é o sentimento da insuficiência.
O
mundo atual por permitir plenas possibilidades, incitado a um fazer
exteriorizado, em contexto que é proibido proibir e envergonha-se por não
alcançar, produz um sujeito que não se vê e nem se encontra sem o outro,
No
tempo da impotência a ação está prejudicada, somos seres estagnados, sem direção
e sem confiança na vida. A sociedade contribui para a produção de seres sem
sentido e ação, não desejantes, com falta de capacidade reflexiva. A sociedade
do espetáculo produz atores e não autores de processos de transformação pessoal
e coletiva. O sentimento de capacidade e
potencia é o diferencial que gera satisfação e conduz o ser humano a fazer
escolhas e produzir ações.
No
tempo da impotência as sensações de impedimentos e limitações restringem atos
que nos conduzam a desenvolver nossas reais possibilidades, existe a contenção
e a falta de iniciativa. Estou vestido de vários trajes, atuando em diversos
cenários, uma encenação que não alimenta que se esvazia e só produz mais impotência.
Nestes tempos não é o corpo que solicita, mas a alma que clama.
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