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sábado, 11 de novembro de 2017

Tempo da Impotência

A existência humana se constitui com processos recorrentes de ações que determinam sucessos e derrotas em todos os aspectos da vida, assim como geram potencia e impotência para administrar o próprio tempo.
No cotidiano com pequenas tarefas de rotina presenciamos momentos de potencia e impotência. Momentos do dia a dia que poderiam ser simples, às vezes se tornam complexos. A culinária, por exemplo, é motivo para sérias frustrações, quando algo deu errado, queimou, salgou, passou do ponto. A sensação de impotência e frustração se acentua, principalmente quando outras pessoas dependem do alimento que você prepara.
Situações rotineiras e habituais em determinados tempos da vida, produzem sentimentos e sensações que alteram o emocional. Portanto, penso que o cotidiano, os hábitos, a rotina, influenciam constantemente nosso estado emocional. Os motivos que conduzem nosso vigor, entusiasmo, potencia, são estabelecidos no dia a dia e somam-se tanto para os sucessos como para o insucesso.
Grande parte das atividades que realizamos no cotidiano, origina o automatismo, dificultando a percepção das falhas no processo de realização, mas também das reais potencias do que cada um executa. Olhar para aquilo que se faz e como se faz, nos conduz a percepção, de como agimos e nos permitem diferenciar e identificar, limitações, potencialidades e assim alcançar a noção de quem eu sou na direção da construção de nossa singularidade.
Os tempos atuais, a con-tempo-raneidade, permitiu e redefiniu uma nova forma de compreender o mundo, com suas imagens em todas as direções, trouxe o mundo e a informação de forma rápida e ao alcance de todos. Entretanto,  todos os avanços contribuíram também para nos distanciar de nós mesmos,  nos afastam da singularidade e nos conduzem a idealização do poder com exacerbação do individualismo e não para a formação da identidade. O que faço, o que produzo só tem sentido para me confirmar e reafirmar perante o outro. A síndrome do pânico pode advir dessa condição de alta exigência, de poder e desempenho fruto dos tempos atuais. O mal estar surge no corpo, na ação, é paralisante por não atingir o esperado, é o sentimento da insuficiência.  
O mundo atual por permitir plenas possibilidades, incitado a um fazer exteriorizado, em contexto que é proibido proibir e envergonha-se por não alcançar, produz um sujeito que não se vê e nem se encontra sem o outro,        
No tempo da impotência a ação está prejudicada, somos seres estagnados, sem direção e sem confiança na vida. A sociedade contribui para a produção de seres sem sentido e ação, não desejantes, com falta de capacidade reflexiva. A sociedade do espetáculo produz atores e não autores de processos de transformação pessoal e coletiva.  O sentimento de capacidade e potencia é o diferencial que gera satisfação e conduz o ser humano a fazer escolhas e produzir ações.
No tempo da impotência as sensações de impedimentos e limitações restringem atos que nos conduzam a desenvolver nossas reais possibilidades, existe a contenção e a falta de iniciativa. Estou vestido de vários trajes, atuando em diversos cenários, uma encenação que não alimenta que se esvazia e só produz mais impotência. Nestes tempos não é o corpo que solicita, mas a alma que clama.    


                                                                                                     


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