O
que é o destino? Será que existe? É uma crença de cada pessoa? Acreditar ou
não? Seria conformismo acreditar no destino? Refletir sobre o destino ecoa como
um romantismo ou a crença de que existe algo superior que controla nossas
vidas. Não acredito em coincidências, existem conexões de palavras, coisas,
pessoas e lugares, algo cósmico que impulsiona, ou seria seu próprio instinto? A
ligação de ambos, instinto e destino, quem comanda o que, um sentido só com
diferentes perspectivas para quem vê? Se pensar sobre o tempo já é complicado
imagina refletir sobre o destino. O destino é definido como uma sucessão de
fatos e acontecimentos, geralmente inevitáveis, que nos conduzem a algum lugar.
Uma sucessão de caminhos me conduziu a ler um livro; Manu a menina que sabia
ouvir e na leitura me deparei com o seguinte trecho:
“Este
é o relógio do destino, cujas horas marcam fielmente: uma delas está agora se
iniciando. — O que é um relógio do destino? — perguntou Manu. — Bem — explicou
Mestre Hora. — No curso da existência ocorrem às vezes momentos especiais em
que cada ser e cada coisa no universo, até mesmo as estrelas mais distantes,
tudo coincide de maneira única e perfeita, permitindo acontecimentos que seriam
impossíveis antes ou depois daquele momento. Infelizmente, a maioria das
pessoas não sabe aproveitar tais instantes e assim as horas astrais passam sem
serem percebidas. Mas quando alguém as reconhece, grandes coisas acontecem
então no mundo. — Talvez seja preciso ter um relógio como o seu para
reconhecê-las — observou Manu. Mestre Hora sacudiu a cabeça negativamente e
sorriu: — O relógio por si mesmo não adiantaria a ninguém. Ê preciso saber como
se lê!”
O
livro todo é muito interessante, mas ao ler esse pequeno trecho percebi que
tudo o que imaginava ser o destino, estava ali bem na frente dos meus olhos,
naquele pequeno texto. Por essa feição poética o destino tem um toque de romantismo,
parece fantasioso, mas se observarmos bem, em algum momento da vida já presenciamos
algo parecido, uma sensação, ocorrência de fatos, que nos conduziram a um
desfecho. Saber como se lê, como se sente e se percebe cada acontecimento em
cada instante da vida, só nos é possível na tranquilidade, ouvir a voz interior.
Talvez não observemos com atenção, as situações vão acontecendo e chamamos de
escolhas, o que não deixa de ser, mas parece que existe uma predisposição para
determinado caminho. Temos sim o livre arbítrio, mas também tudo tem uma
finalidade e assim o tempo é imensurável e o destino imprevisível.